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Estudar no exterior:
outra cidade, outro país, outro mundo.

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Estudar no exterior ou em outra região, província ou estado do mesmo país é relativamente comum. No campo científico, muitas pessoas obtêm sua pós-graduação (mestrado ou doutorado) em universidades diferentes daquelas onde concluíram seus estudos de graduação. Além disso, há também oportunidades para estágios ou estadias em outras instituições científicas. Estes podem ser no âmbito da sua pós-graduação (doutorado “sanduíche”) para aprender habilidades específicas, como novas técnicas ou ferramentas para aplicar posteriormente em sua pesquisa ou ter um caráter totalmente independente, ou simplesmente ser uma instância de pesquisa totalmente nova e desafiadora.
 

Embora esse treinamento possa ser benéfico para sua carreira científica, não é necessariamente obrigatório, nem é um preditor de seu “sucesso” como cientista. Embora recomendemos esse tipo de experiência, o processo não é fácil e exige muitos procedimentos pessoais, financeiros, logísticos e até de imigração. No entanto, é sempre possível encontrar apoio de instituições e pessoas, tanto no seu local de origem como no local que irá visitar.

Estudar no exterior tem vantagens e desvantagens, academicamente, profissionalmente e pessoalmente. Portanto, aqui queremos dar algumas recomendações e sugestões do que levar em consideração durante o processo, se for uma opção que você está considerando.


A seguir apresentamos a experiência de sete pessoas na RAEL que fizeram mestrado, doutorado e/ou pós-doutorado em outra região, província/estado de seu próprio país ou foram para outro país para isso. Algumas pessoas foram para outros países da América Latina, ou Estados Unidos, Canadá ou algum país da Europa. Algumas pessoas só deixaram seu país para estágios ou estadias curtas de pesquisa (6-9 meses). Este grupo inclui pessoas que agora são pesquisadores, pós-doutorandos ou doutorandos. (Contribuições e respostas de pessoas diferentes são marcadas com números diferentes em cada pergunta).

1. Como você descobriu que estudar/fazer estágio em outro país era uma possibilidade?

1. Durante a minha graduação, iniciando meus estudos com aracnídeos, comecei a conversar com pesquisadores já estabelecidos em meu país para pedir ajuda na identificação de aranhas e escorpiões. Depois fiz um curso de Aracnologia e conheci pessoas em um laboratório. Esta foi minha primeira oportunidade de estudar aracnídeos com outros aracnólogos.
2. Com um período sanduíche de doutorado. A agência de fomento que financia minha pesquisa e concede a bolsa de doutorado, também concede a possibilidade de realização de um período fora do país.
3. Comecei a participar de palestras internas que a universidade oferecia sobre intercâmbios/estágios. Além disso, segui muitas páginas no Instagram focadas em promover oportunidades de bolsas/estágios em outros países. Ao mesmo tempo, nos congressos e simpósios que participei, conheci muitas pessoas que estudavam no exterior, com bolsas. Foi assim que estabeleci contatos com outros pesquisadores e durante um intercâmbio pude entender como funcionava o sistema de bolsas de pós-graduação nesse país.
4. Por vontade própria querer viajar e aprender como se faz pesquisa em outros países (e laboratórios). Meu diretor de TCC me falou sobre a oportunidade, e consegui realizar um estágio na Costa Rica que surgiu de uma possibilidade de financiamento através do STRI (Smithsonian Tropical Research Institute). Depois, fiz uma estadia no México, a convite do meu co-diretor de TCC, que trabalha na UNAM.
5. Graças a um curso internacional ministrado na Costa Rica, conheci a minha atual orientadora de doutorado. Devido a essa experiência, ela me convidou para fazer um estágio em seu laboratório e isso me ajudou a decidir se eu queria fazer doutorado e fazer sob sua orientação.
6. Conversando com colegas. Candidatei-me a uma bolsa depois que pesquisadores do meu laboratório anunciaram a vaga na lista de discussão da Sociedade Internacional de Aracnologia (ISA).
7. Por meio de troca de e-mails com especialistas, recebi a proposta de fazer o doutorado com a pessoa que foi meu orientador.

 

2. Que circunstâncias o levaram a decidir estudar no exterior?

1. Eu morava em um dos estados mais pobres do meu país, onde não havia cursos de pós-graduação. Para continuar estudando aracnídeos, tive que sair de lá.
2. No período sanduíche do doutorado, querer aprender uma linha de pesquisa com um grupo de estudos que não tem no meu país e trazer esse conhecimento para minha instituição de origem.
3. Na minha universidade havia um pequeno grupo de alunos interessados em aracnídeos, mas sem um professor especialista vinculado à instituição para orientá-los. O V Congresso Latino-Americano de Aracnologia estava prestes a acontecer, e eu estava motivado a ir ao Brasil porque era o país que tinha mais aracnólogos e podia continuar o processo de aprendizagem. Eu também aprenderia outra língua e outra cultura.
4. Principalmente viajar e ter a experiência de pesquisar em outros países, sair da minha “zona de conforto”, trazendo novos desafios.
5. Meu país não tem muitas opções de pós-graduação, e menos ainda para o nível de doutorado. Assim, quando decidi que queria fazer doutorado, era quase certo que eu tinha que fazer no exterior.
6. Adorei o laboratório onde fiz bacharelado e mestrado, mas achei que aprenderia muito mais estando em outro lugar, então decidi fazer meu doutorado no exterior.
7. A ausência de especialistas, no meu país de origem, no grupo taxonômico em que queria trabalhar e minha vocação de querer me especializar no grupo que havia escolhido. A excelência e o reconhecimento internacional que meu futuro diretor, também tiveram influência.

3. Como você se preparou antes de ir para outro lugar?

1. Na verdade, não fiz muito, pois estava dentro do meu país. Mas tive que pedir a meus amigos para eu ficar em suas casas por alguns dias até encontrar uma casa barata, porque não tinha muito dinheiro.
2. Com projeto de pesquisa e cronograma de atividades bem definidos.
3. Para o intercâmbio, tive que reunir toda a documentação para a inscrição (carta de motivação, currículo, etc.), e me preparei por cerca de quatro meses para um exame.
4. Para os estágios, preparei-me descobrindo tudo o que precisava para poder viajar, usando as páginas das embaixadas e das universidades. Além de entrar em contato com colegas dessa cidade para pedir conselhos/dicas.
5. Foram meses navegando na burocracia de outro país. Tive que trabalhar e economizar muito (porque as taxas para fazer os exames obrigatórios [por exemplo, certificação de inglês] para se inscrever nos EUA são caras), reunir toda a documentação para se inscrever no próprio programa, fazer entrevistas virtuais com professores do programa durante o processo seletivo e, em seguida, os papéis para solicitar o visto de estudante quando fui selecionada para ingressar no doutorado. Além de ter aulas extras de inglês para melhorar minha fluência no idioma, tive que começar a procurar opções de hospedagem, transporte, etc.
6. Escrevi para algumas pessoas que trabalhavam no laboratório onde eu ia ficar, para conseguir entender a dinâmica do local. Depois chegou a hora de processar o visto para ir para aquele país, que levou vários meses e custou cerca de 200 dólares. Tive que economizar não só para as passagens, mas também para os primeiros meses lá, já que o pagamento da primeira bolsa demora de 1 a 4 meses. Por sorte, um grande amigo meu estava fazendo doutorado na mesma instituição, então me ajudou a encontrar um apartamento compartilhado, isso me ajudou muito.
7. Tive que concorrer a uma bolsa que fazia parte de um acordo internacional para países da América Latina. A preparação e a prova de idioma foram bem trabalhosas, fiz exame no consulado e depois fiquei meses sem notícias. De repente, quando eu achava que não tinha passado, me falaram que ganhei a bolsa e aquilo foi uma corrida, porque em pouco tempo eu tinha que estar naquele outro país. Não houve muito tempo para se preparar para essa realidade, foi uma mudança drástica e repentina, então você sempre tem que contemplar a possibilidade de isso acontecer.

 

4. Quais foram as coisas mais difíceis antes de partir?

1. O mestrado foi minha primeira experiência fora de casa, então é sempre difícil planejar o que vamos precisar e o que podemos levar.
2. Ter toda a documentação correta, datar todos os meus compromissos no meu país, tanto pessoais quanto estudantis, contas de luz, internet, etc., transferência de histórico escolar, assim como compromissos acadêmicos, relatórios, liberação para viagem.
3. Compreender o idioma. Eu estava em uma região onde as pessoas costumavam cortar as palavras ou falar muito rápido. Também os laços pessoais/familiares, a experiência de morar sozinho.
4. Acho que o exemplo mais marcante é a viagem aos Estados Unidos. Todo o processo de obtenção do visto foi muito longo e burocrático. Principalmente conseguir o turno na embaixada, já que tudo aconteceu durante a pandemia, a ponto de só poder viajar dois anos depois do planejado originalmente.
5. Compreender bem o processo de admissão na universidade (cada universidade exige coisas diferentes, cada site é diferente, alguns têm informações mais claras e acessíveis do que outros, etc.) e depois entender e navegar no processo de obtenção de uma bolsa de estudos. Além disso, é difícil deixar a família e os amigos para ir morar em outro país.
6. Deixar as pessoas mais próximas por pelo menos 5 anos (e agora são 9!). Tentar fechar da melhor forma possível todos os projetos que eu tinha lá antes de sair do país. Tentar aproveitar a presença de todas as pessoas enquanto processava a papelada.
7. De tudo, os trâmites consulares sempre avassaladores e a separação da família, amigos e projetos.

 

5. Como foi a transição para você no novo local?

1. Não gostei da cidade nem do clima (muita chuva!), mas o laboratório e os amigos que fiz lá foram fundamentais para o meu sucesso no mestrado.
2. Um desafio, acostumar-se a outra cultura, idioma e clima ao mesmo tempo em que aprende novos protocolos científicos.
3. Foi bom! Os colegas e chefe de laboratório foram muito importantes: pessoas muito atenciosas e colaborativas. Minha cidade natal é fria, então tive que me adaptar a viver num lugar muito quente e úmido.
4. Em geral sempre foi muito tranquilo. Embora você geralmente esteja sozinho porque é difícil ingressar em um grupo já formado, ainda mais se você sair por um curto período de tempo. Meus colegas foram muito legais o tempo todo.
5. Foi super difícil... a cultura é muito diferente, eu não conhecia muita gente e os poucos amigos latinos saíram logo depois que eu cheguei. A transição para falar uma língua estrangeira todos os dias, as diferenças culturais na forma como as amizades são formadas, a cultura acadêmica muito diferente, a quantidade de responsabilidades que eu tinha… estar à frente na minha pesquisa, dar e ter aulas, e navegar por todo o ambiente social.
6. Fui muito bem recebido no laboratório. Sendo uma cidade grande, é difícil fazer amigos – a maioria dos moradores tem seus próprios círculos sociais. Além disso, algumas normas sociais são diferentes entre meu país de origem e aquele para onde fui. É essencial encontrar uma atividade que você goste e possa compartilhar com outras pessoas. Eu amo a cidade, é vibrante e muito cultural. Mas nunca me adaptei à comida, sinto muita falta da comida do Brasil.
7. A transição foi muito boa graças à grande amabilidade e amizade com que fui recebido. A qualidade do orientador e dos demais membros do laboratório foi fundamental. Apesar de ser outro país e outra língua, senti-me em casa.

6. Que coisas foram inesperadas ou você não estava preparado para enfrentar?

1. Pessoas! Passamos a conviver com pessoas muito diferentes de nós e isso promove uma mudança em nossas relações interpessoais, pois aprendemos a respeitar nossas diferenças.
2. Uma pandemia de COVID-19, lockdown e homeschooling obrigatório para o meu filho. Foi um pouco difícil ficar muito tempo fora do meu país e ter uma rede de apoio pequena.
3. A barreira do idioma. Uma coisa é aprender um idioma em uma aula de duas horas, e outra bem diferente é fazer um mergulho na cultura.
4. Sempre fui capaz de superar o inesperado. Eu acho que é isso que é importante sobre esses casos.
5. Eu não esperava que fosse tão difícil encontrar amigos próximos, então encontrar apoio foi inesperadamente difícil. E quando finalmente comecei a me conectar com as pessoas… Chegou a pandemia! Além disso, era difícil pela situação política e social que estava acontecendo nos EUA naquela época e as situações de discriminação na universidade, sendo latina e mulher de cor, foi algo que afetou muito minha saúde mental.
6. A forma de conhecer a Universidade, cursos, etc. Era um pouco diferente do meu país. O mais difícil foi construir uma rede de apoio estando em outro país. Acho que a consequência mais "séria" é que depois de tantos anos em outro país, você acaba com uma sensação muito estranha de que não pertence mais a lugar nenhum. Você se sente estrangeiro no país em que vive e se sente estrangeiro quando visita seu país. Se por um lado ganhei muito em termos académicos e pessoais, também me sinto sempre incompleta.
7. Foi difícil não ter o apoio da família, nem o resto em ambiente familiar. Concentrei-me no trabalho e isso desequilibrou as outras facetas importantes para o desenvolvimento integral. Também foi difícil enfrentar outra realidade social, o acesso à saúde e a violência de outro país.

 

7. Que recursos, pessoas, instituições o ajudaram na transição?

1. Amigos do laboratório e minha família, com certeza!
2. A comunidade escolar dos meus filhos, acolheu muito bem, a comunidade de moradores (eu morava numa república), a comunidade científica que estava inserida também foi muito colaborativa e abrangente.
3. A Universidade tinha aulas de português para estudantes estrangeiros. Isso foi bem fundamental, eu fiz muitas aulas antes de começar o verdadeiro período académico.
4. As universidades e as pessoas com quem eu iria trabalhar.
5. Meu tutor, meus amigos, outros estudantes internacionais e com certeza, minha família. Dentro da Universidade, o escritório de pós-graduação e o escritório de assuntos internacionais me deram muita orientação.
6. As pessoas que já trabalhavam no laboratório. Outras pessoas que também eram estrangeiras, ou pelo menos de outras províncias.
7. O apoio e a qualidade humana e camaradagem dos membros do laboratório.

 

8. Que sugestões você daria para quem tem interesse em estudar no exterior?

1. Vai! Aproveita essa oportunidade!
2. Não duvide em procurar ajuda, inclusive da polícia e de outras instituições governamentais, se encontrar uma situação perigosa e/ou ser vítima de um crime.
3. Será uma das melhores experiências que você terá na vida pessoal e profissional. Viajar, sair da zona de conforto fará você ter outra visão do mundo, quebrar os pré-conceitos ou a ignorância que temos. Você conhecerá pessoas muito boas e aprenderá muito com elas. Muitas portas se abrirão, muitas oportunidades aparecerão.
4. Não perca a oportunidade. Fazer ciência fora do seu país não fará de você um pesquisador melhor, mas mostrará outras realidades. Você irá se preparar para enfrentar desafios. Isso permitirá que você tenha experiências pessoais enriquecedoras e cresça como pessoa.
5. Eu recomendo! Mas pergunte TUDO, quando for aplicar e avalie para onde você vai. Faz sem vergonha! Pergunte sobre opções de apoio financeiro e certifique-se de obter respostas concretas (por exemplo, “tal bolsa de estudos é uma opção de bolsa que você, como estudante internacional, pode solicitar”) e não abstratas (por exemplo, “deve haver opções por aí”) . No meu caso, tinha poucas opções de financiamento, mas quando me candidatei, me disseram que havia mais (sem me dar opções concretas). Outra dica: não deixe de conversar com outros estudantes internacionais, alunos atuais e graduados do laboratório, e pergunte sobre os prós e contras de trabalhar com essa pessoa como tutor. Pergunte sobre os recursos disponíveis, por exemplo especialistas em saúde mental, saúde física, seguro médico, etc.
6. É algo que tem muitos custos (pessoais e até materiais, pense que suas pessoas próximas que sempre estiveram perto estarão agora a um avião de distância). Mas isso também pode fornecer novas visões e possibilidades. Estar em um lugar diferente sempre abre a cabeça. Acho que também pode ser um pouco arriscado, principalmente se você não conhece o grupo que vai, porque não sabe como é a dinâmica do laboratório ou como você se encaixaria lá.
7. Pensar e determinar de onde vem o interesse. Se decorre de uma profunda vocação para o que você quer estudar, não pense nisso e encare o desafio. Que você tente descobrir como está a qualidade humana do lugar para onde pretende ir. Ter consciência de que não é uma experiência cor-de-rosa, é um grande desafio.

9. Quais você acha que são as desvantagens e vantagens ACADÊMICAS de estudar/estagiar em outro lugar?

 

DESVANTAGENS ACADÊMICAS

1. Aprender algo novo já é desafiador em seu próprio idioma, então aprender algo novo em outro idioma pode ser mais difícil.
2. Existem diferenças culturais em como “fazer ciência” é percebido em diferentes lugares, e essas diferenças às vezes são difíceis de navegar.
3. Não saber como é o grupo de trabalho antes de ir; se houver algum problema, é mais complicado voltar atrás.
4. Enfrentar outra língua e idiossincrasia; pode ser difícil enfrentar outra forma de ensinar, fazer exames, diferentes regulamentos universitários e até casos de xenofobia e racismo.

 

VANTAGENS ACADÊMICAS

1. Formar sua rede de colaboradores, colaborar com pesquisas diferentes das suas.
2. A exposição a diferentes perspectivas científicas ajuda a ampliar os conceitos.
3. Conhecer outras formas de trabalhar e fazer novos contatos.
4. Formação de excelência, projeção internacional e na comunidade científica, projetos de colaboração, novas alianças, etc.

 

10. Quais são as desvantagens e vantagens PROFISSIONAIS de estudar/fazer estágio em outro lugar?

 

DESVANTAGENS PROFISSIONAIS

1. Ter melhores oportunidades em outro país e decidir seguir uma carreira fora do seu país de origem.
2. Embora boas conexões possam ser forjadas saindo do país, às vezes isso também significa perder/enfraquecer a “rede” em seu país ao passar vários anos morando no exterior.
3. Você pode perder oportunidades de trabalho que surjam em seu país durante sua ausência.

 

VANTAGENS PROFISSIONAIS

1. Acesso a cursos e técnicas que você não possui em sua instituição, estado ou país.
2. Possibilidade de retornar ao seu país com novas habilidades e uma rede melhor.
3. Aprender a ser “adaptável” em novos ambientes é uma coisa boa em qualquer trabalho.
4. Acesso a oportunidades profissionais no país de acolhimento ou noutro país, bem como acesso a outros cursos de formação profissional.

 

11. Quais você acha que são as desvantagens e vantagens PESSOAIS de estudar/estagiar em outro lugar?

 

DESVANTAGENS PESSOAIS

1. Falta de rede de apoio familiar.
2. Viver como migrante às vezes traz desvantagens, dependendo de onde se vive (por exemplo, insegurança).
3. A língua é uma barreira, assim como as normas sociais; você perde sua rede de apoio; estar longe dos entes queridos, e é muito caro visitar com frequência.
4. Adaptação a outra idiossincrasia, normas de vida, perda de costumes pessoais e culturais e também perda de sua rotina pessoal, hobbies, etc.

 

VANTAGENS PESSOAIS

1. Aprenda a respeitar as diferenças e costumes das outras pessoas e conheça mais pessoas e lugares.
2. Crescimento pessoal.
3. Conhecer novas cidades, pessoas e culturas.
4. As experiências em diferentes realidades são sempre enriquecedoras. A heterogeneidade cultural o prepara melhor para lidar com uma gama mais ampla de situações da vida e ajuda a analisar os problemas com uma perspectiva mais inclusiva resultante de diferentes realidades.

12. Do ponto de vista de um comitê de contratação para um cargo de educação, pesquisa ou cobrança, quão importante é que o candidato tenha estudado no exterior?

  1.  Acho que isso depende muito de como é o processo de avaliação do candidato. Se houver etapas subjetivas ou uma avaliação de currículo multifatorial e não apenas baseada em produtividade, acredito que a experiência externa é parte importante de uma boa avaliação.

  2. Na Colômbia isso é muito variável. A maioria das instituições emite o mesmo título de pós-graduação (Doutorado em Ciências Biológicas, por exemplo). E instituições externas emitem outros títulos (Mestrado/PhD em Genética, Ph.D. em Zoologia, Mestrado em Ecologia, etc.). Ao competir, um título diferente às vezes ajuda a diferenciar os candidatos, tornando-os mais prováveis. A instituição de onde você vem também influencia muito, existem instituições altamente credenciadas que são conhecidas por sua trajetória e experiência investigativa. Além disso, em muitos processos de contratação, os idiomas são um fator que soma muitos pontos.

  3. Estudar no exterior geralmente é um ponto a favor da análise, pois vai contra a endogamia de uma educação muito local. No entanto, não é algo que é ponderado positivamente por si só. Leva em consideração em qual instituição você estudou, em qual laboratório, quem foi seu diretor, etc. Por isso é muito importante selecionar para onde você vai e escolher as melhores opções para o seu treino e, acima de tudo, colocar muito esforço nele. Aproveitar as oportunidades de uma boa formação no estrangeiro pode ser um acontecimento decisivo que influencia muito no sucesso futuro da sua carreira científica e na obtenção de um emprego permanente. Em uma realidade cada vez mais competitiva para a ciência, esse fator pode pender a balança positivamente a seu favor, mas será o seu desempenho e as qualidades adquiridas que farão a real diferença na hora de selecionar. 

 

13. Quando uma pessoa se candidata a um cargo em educação, pesquisa ou coleções, que vantagens potenciais estudar no exterior pode lhe dar?

  1. No Brasil, os cursos de pós-graduação são avaliados a nível internacional. Então, se conseguirmos trazer pessoas com experiência no exterior, que tenham muitos contatos e colaboradores internacionais, teríamos uma melhora nesses parâmetros na avaliação da pós-graduação. Além disso, pessoas com experiência no exterior chegam com ideias e projetos maiores, mais ousados e com potencial para gerar impacto e melhores produtos. Finalmente, essas pessoas podem obter mais dinheiro para pesquisas, dada sua ampla rede de colaboradores.

  2. No meu país acredita-se que é mais fácil entrar no sistema científico se o pedido de admissão for feito do estrangeiro. Talvez muitos revisores o vejam favoravelmente. No entanto, acredito que a vantagem está em mostrar o entusiasmo e a predisposição do candidato a novos desafios.

  3. Para as instituições é muito atrativo ter pesquisadores com uma rede de colaboração internacional que possa atrair projetos conjuntos e/ou possibilidade de financiamento. As colaborações internacionais são um ponto pelo qual as instituições são avaliadas positivamente.

 

14. Em que circunstâncias estudar no exterior pode ser desvantajoso para um candidato a uma posição de educação, pesquisa ou coleção?

1. Quando existe um ambiente tóxico (por exemplo, assédio moral, preconceito, exploração) e não há colaboração de todas as partes.
2. Quando a pessoa não tem objetivos claros e não sabe valorizar/aproveitar a situação. Além disso, é muito importante consultar primeiro o ambiente do laboratório que você vai, um laboratório tranquilo e colaborativo tornará a experiência muito melhor.
3. A perda ou enfraquecimento do “networking” no próprio país e os efeitos mentais, emocionais ou mesmo físicos ligados à experiência de viver como migrante. Obviamente, isso não significa que TODOS terão experiências ruins ou que essas experiências sejam piores do que tudo que há de positivo sobre a experiência, mas alguns lugares são mais amigáveis com os migrantes do que outros.
4. Não vejo que possa ser desvantajoso.
5. Ter estudado uma disciplina muito diferente (CV sem coesão). Laboratórios de pouca ou má reputação. Período de baixa produtividade e/ou desempenho.

 

15. Que passos específicos podem ser seguidos por alguém que planejando ir para outro país/estado/província para fazer pós-graduação, pós-doutorado ou fazer um estágio?

             Uma das pessoas entrevistadas compilou esta lista de possíveis próximos passos:

  1. Sair do país, requer vários meses de preparação, devido principalmente à documentação e calendários que cada instituição/agência administra. Recomendo revisar tudo que envolve burocracia com bastante antecedência.

  2. Faça uma lista de instituições e laboratórios que chamam sua atenção (RAEL já têm uma lista de laboratórios de Aracnologia nas Américas).

  3. Consulte alguns amigos/colegas/conhecidos sobre o ambiente daquele laboratório (é muito importante ir a um laboratório tranquilo, onde não haja muitos conflitos internos ou competição de egos), ou seja, certifique-se de que é um laboratório e um espaço não tóxico (imagine-se, saindo de casa e chegando em um lugar onde a convivência não é agradável, com certeza não será uma boa experiência para você).

  4. Avalie os custos, consulte as bolsas e os apoios da Universidade. Em algumas cidades/países os custos de vida podem ser altos ou baixos, e o autofinanciamento pode ser um pouco complicado. Portanto, consulte também tudo isso: O que a bolsa inclui? Quão caro é o custo de vida na cidade X? Qual bairro fica mais próximo da instituição para economizar com transporte? A universidade dá almoço grátis aos alunos?

  5. Quando tiver tudo isso claro, entre em contato com aquele pesquisador do seu interesse e troquem ideias. (Conhecê-lo anteriormente em congressos ou ter conversado por e-mail será fundamental). Mostre interesse, faça perguntas, escreva para os alunos dele. Procure ter experiências prévias de outros alunos com esse orientador.

  6. Prepare-se emocionalmente, psicologicamente e mentalmente para uma experiência de vida transformadora. Sem dúvida, essa estadia, intercâmbio, pós-graduação, fará com que você comece a ver o mundo com outros olhos. O crescimento profissional/acadêmico/pessoal que você vai ganhar será bastante.

          Se você tiver dúvidas ou comentários sobre o processo de estudo no exterior, ou quiser saber mais sobre os procedimentos, entre em contato conosco. Depois de ler as experiências de vários colegas que passaram pela mesma situação que você pode estar passando agora (se você está prestes a fazer um estágio no exterior) ou que você vai passar (se você está pensando em estudar no exterior), com certeza você ainda tem dúvidas, inseguranças ou até medo do que te espera em outro país ou região. Na RAEL estamos aqui para ajudá-lo. Você pode nos escrever, nos contar suas preocupações e nos fazer perguntas: red.aracno@gmail.com, @RAEL_aracno. Faremos o possível para esclarecer a maioria das suas dúvidas, para que você possa enfrentar este desafio da melhor maneira possível. Você também pode postar suas perguntas em nosso Discord aberto (link aqui). É muito provável que uma pergunta sua já tenha sido respondida por outra pessoa. Conte com nossa rede de aracnologia emergente da América Latina para facilitar todo esse processo.

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Este resumo foi escrito por Ignacio Escalante, Franco Cargnelutti e Mariana Trillo; em novembro de 2022. Fabián García e Iván Magalhães revisaram o português. 

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